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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo!

Que no ano que vem, a cidade caminhe para diminuir desigualdades,
amenizar dores e distâncias,
resolver problemas estruturais
e cativar cada vez mais os forasteiros que a cada ano aqui chegam para tentar a sorte.
Feliz Ano Novo!
O blog volta com tudo em 2011.


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Os créditos da foto são meus. Zona norte vista do alto da torre do Banespa, no Centro.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Feliz Natal #fail

O crescer do consumo da classe média, o aumento do crédito e a alta do dólar que impulsionou as companhias de turismo forçarem a queda dos preços de viagens nacionais acabaram por aumentar o acesso às viagens de avião. Partindo de São Paulo, é possível encontrar pacotes CVC para praias nordestinas a partir de 6 x R$ 66 (é sério!). Resultado: nossos aeroportos, que já não davam conta da demanda por voos, ficaram ainda mais inflados. E, quando os funcionários de companhias aéreas ameaçaram entrar em greve em plena antevéspera de Natal, muitos tremeram. Seria o fiasco tupiniquim, notícia internacional que com certeza repercutiria em terras estrangeiras e contribuiria para aquela imagem do País que todo mundo quer afastar.

Mas verdade seja dita... o popular, mais acessível, mais barato, mais democrático e mais prático ainda é viajar de ônibus. Em São Paulo, pelo menos, as duas principais rodoviárias ficam lotadas às sextas-feiras, quando muitos dos trabalhadores vão curtir a folga de final de semana em casa. Em vésperas de feriados, então, aumenta. Em vésperas de feriados emendados, mais ainda. Em véspera de feriado emendado de Natal, veja só...


Que delícia, hein?

Uma definição: Caos. E eu estava aí no meio.

As rodovias de São Paulo estão entre as mais caras do mundo (pedágios, pedágios). Em uma viagem em um veículo de passio comum, na Rodovia Castello Branco, para andar apenas 120 km da capital sentido interior, gasta-se R$ 15,65. Na Rodovia dos Bandeirantes, são R$ 18,30. Barato não é. Este dinheiro, que não é pouco, deve ser aplicado na infraestrutura das pistas e de todo o transporte terrestre da região. E as rodoviárias fazem parte disso - e olha que nem estou mencionando a quantidade de impostos que pagamos, as taxas das operadoras rodoviárias, entre outras variáveis.

O aperto (literalmente) pelo qual passei é apenas um reflexo de falta de preparo para receber tanta gente nestes deslocamentos. Falta espaço, falta plataforma, faltam ônibus, faltam cadeiras, faltam até geladeiras para acondicionar bebidas a serem vendidas - não encontramos em nenhum dos quiosques água, suco, chá ou refrigerante gelados. O estoque era reposto com tanta rapidez devido ao alto número de pessoas que não dava tempo das bebidas esfriarem - estava quase 20°C. Os preços, também um assalto abusivos - R$ 3 a garrafa de água em todos eles, que são administrados pela mesma companhia, a GRSA.

Apenas na companhia a qual viajei, a Andorinha, havia dois ônibus de dez em dez minutos para meu destino, pois carros extras foram adicionados além dos horários habituais. O impossível era acreditar que, em apenas duas plataformas, era plausível embarcar mais de 40 pessoas nestas linhas a fim de não atrasar os próximos horários. A consequência foi simples - quando cheguei, às 22h, estava saindo da plataforma o ônibus das 20h50. O meu, marcado para as 23h56, deixou a Barra Funda às 2h da madrugada, pontualmente. Como ninguém previu isso?

Famílias inteiras apertadas, com crianças de colo, bagagens gigantescas empilhadas sobre as cabeças, aquele empurra-empurra para chegar à plataforma e não perder o ônibus, o cuidado com os batedores de carteira (estes não têm espírito natalino). Crianças chorando, crianças dormindo, pais se lamentando, mulheres perdendo a paciência, casais brigando. Inúmeras pessoas sentando no chão, cansadas de esperar. *Em uma rápida epifania, lembrei daquelas provas de resistência em reality shows, como as pessoas conseguem ficar mais de 1h de pé sem mudar de posição, galere?

Enquanto isso, todos os noticiários focaram a condição dos aeroportos. Greve? Overbooking? Neve no hemisfério norte que cancelavam voos? Atrasos? Superlotação de salas de embarque com ar-condicionado?

E Rodoviária da Barra Funda, assim, que nem é a principal da cidade - serve apenas alguns municípios do interior do Estado. Imagine a do Tietê, com abrangência internaiconal, como estava...

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E foi uma aventura atravessar toda essa gente pra chegar na plataforma.
Vi gente desistindo. Uma loucura. Lou-cu-ra.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bom gosto Dogusto

À frente, a fachada de mais uma loja de moda de bairro, descolada como a vizinhança – o bairro de Pinheiros. Além das criações de bom-gosto e sensibilidade, aos fundos é que está o grande trunfo precioso do espaço: um restaurante italiano, o Dogusto.

Em primeiro lugar, a apresentação do ambiente – elementos vintage combinados com ares modernos. Tudo bem que o visual desta maneira está tão comum, mas ainda vale o agradar aos olhos. O que achei de mais diferente é que estamos acostumados a restaurantes com ambientes escuros, que aproveitam pouco a luz ambiente, e eu sempre acho que isso acaba favorecendo nosso apetite. No Dogusto, é diferente – bem claro, a luminosidade é muito bem utilizada. Achei muito legal, porque além de evitar o uso desnecessário de iluminação artificial (energia elétrica, zenti!), o jardim de inverno com o barulhinho de uma mini cascata artificial, que fica à vista, é excelente para relaxar.
Logo na sequência, dá para notar a boa impressão da decoração também na escolha das louças (de primeira) e na apresentação dos pratos (suculentos).




Vamos pro que interessa: comidinhas!!! Minha escolha foi uma lasanha vegetariana. O molho, de tomates frescos, estava com a acidez no ponto – só de lembrar, minha boca enche d’água. A massa estava um pouco mais molinha do jeito que eu gosto, mas deliciosa. E o recheio, farto. Pra completar, a sobremesa – brownie de chocolate com calda de chocolate, sorvete e morango. Acho injusto falar dela, porque não tem como eu avaliar um doce de maneira negativa, sempre vai ser bom! (fico devendo o nome do chef... assim que conseguir, publico aqui)



O espaço é novo, foi inaugurado há cerca de dois meses. E é completamente familiar – todo mundo “em casa”, a família que trabalha tanto na loja, como no restaurante. O proprietário, Douglas Harris, me contou que foi tudo montado em pouco mais de um ano e ele acompanhou cada detalhe das reformas. Isso fez com que tudo ficasse com a cara dele, exatamente do jeito que queria. Ele é o estilista das peças da loja – que, em uma rápida olhada, são muito bonitas também. Douglas também garantiu que, para 2011, há muitos planos de divulgar o espaço, inclusive há a intenção de participar da SP Restaurant Week com cardápio especial. Amey!!! Gordinha mode on!

Conheci o lugar por indicação da Flora, uma amiga que [ainda bem que] colocaram no meu caminho em Paris, que por algum erro de destino somos irmãs, mas caímos em famílias erradas. O reecontro ficou completo com a Bia, colega de profissão que virou amiga lá no outro continente mesmo com tantos amigos em comum!  Nós três concordamos  - uma delícia de lugar para sair de casalzinho também. Amei, meninas! Vocês são demais.



Dogusto // Douglas Harris Store
Rua Aspicuelta, 672 – Pinheiros
O site do local ainda não está pronto,
mas a página no Facebook é só clicar aqui.

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ANTES QUE VENHAM AS PEDRAS:
Não vou comentar agora a polêmica da resenha anterior.
Vou preparar uma postagem à altura da densidade do tema, bem elaborada.
Só para esclarecer: bloqueei comentários anônimos. Agora, quer comentar,
o mínimo a fazer, meu fã, é se identificar. E o debate pode continuar lá nos comentários.
E nos comentários daqui, também.
Para os desavisados - a faixa de preço do restaurante é média,
considerando os gastos de lugares do tipo em São Paulo. Eu gastei R$ 44.
(Já estou prevendo mais chibatadas, vem vem vem!)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Shows Internacionais

Preparem-se, paulistanos que gostam de shows - quem gosta de show não é necessariamente o cara que gosta de música. O próximo ano promete ser agitado de apresentações internacionais na pauliceia! Destacando alguns:


Amy Winehouse
Quando? 15 de janeiro, sábado, às 20h
Quanto? Pista simples - R$ 200
Onde? Arena Anhembi, Zona Norte
www.livepass.com.br 


U2
Quando? 9 de abril, sábado
Quanto? Pista simples - R$ 200
Onde? Estádio do Morumbi
www.ticketsforfun.com.br

Beyoncé
Quando? 6 de fevereiro, domingo, às 20h
Quanto? A partir de R$ 70, na arquibancada
Onde? Estádio do Morumbi
www.livepass.com.br (a partir de 23/12)

Iron Maiden
Quando? 26 de Março, sábado, às 21h30
Quanto? A partir de R$ 100 (pista)
Onde? Estádio do Morumbi
www.livepass.com.br


Ozzy Osbourne

Quando? 2 de Abril
Quanto? A partir de R$ 200
Onde? Arena Anhembi, Santana
www.ticketsforfun.com.br


Shakira, Kate Perry e Ke$ha
Quando? Fevereiro ou Março
Quanto? Não divulgado
Onde? Não divulgado

Toda vez que anunciam grandes shows internacionais em SP eu fico me perguntando o que leva alguém se espremer no meio da multidão pra ver um pontinho lá no palco, montado precariamente num estádio de futebol - leia-se "sem a acústica que privilegia a música" - e passando por todos aqueles estresses de como ir, como voltar, como não passar por um arrastão, essas coisas... E fico pensando também que mesmo com a precariedade de infraestrutura da cidade, continamos recebendo shows assim.

Falta transporte público (alguém já viu o trânsito que fica nos arredores do Morumbi quando tem jogo? Multiplica por 40 em dias de show), falta uma bilheteria (claro que comodidade é comprar pela internet, mas alguém fica feliz de pagar "taxa de conveniência" e "taxa de entrega" que, somadas, chegam muitas vezes a mais de 30% do valor do ingresso?), falta uma arena pra shows...

Mesmo assim ranheta, comprei meu ingresso para meu primeiro show deste porte. E o segundo show já está na fila... Quero ver mesmo se este tipo de evento é bom e vale a pena o investimento de lutar contra tudo que Sampa fica devendo para ver estes nomes da música gringa... Estou ansiosa. E vou dividir aqui, prometo.


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Agora me reorganizei. Peço desculpas pela falta de atualização do blog, mas agora
organizei meu tempo e minha vida para voltar a postar... E estou preparando posts mais elaborados. Este foi apenas um desabafo de reestreia!!! rs

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Estar Fora do Tempo

Estou fora de São Paulo há mais de uma semana. Há cerca de dois anos não sei o que é isso. E estou a uma semana de estar fora por muito mais tempo.

O tempo se funde em nossas experiências. Em São Paulo, tudo passa rápido. Reclamamos que não temos tempo de sequer ir ao cinema durante o final de semana. Não temos tempo de olhar o tempo. Na verdade, acho que vemos o tempo passando, e isso passa sem perceber.

Porque o tempo em São Paulo é quase desprezível. O horário não existe para os famintos da madrugada - depois da balada, há sempre um restaurante aberto. E o relógio pode até indicar a hora que fecha o metrô, mas o telefone está no bolso e todo mundo conhece alguém em São Paulo que possa dar uma mãozinha em alguma coisa.

Todos que passam por você se vão como o tempo frívolo dos segundos - você nem é notado. Faz parte da multidão, de uma cidade que acolhe tanta gente que vem de fora, de um povo formado pelo emaranhado de genes, traços, etnias. Ricos e pobres, europeus ou nordestinos.

Fora da cidade é diferente. Não há rostos conhecidos. Não há referências. O forasteiro é de fato um estranho no ninho. As pessoas olham seu olhar e sabem que você não é daqui. Você tenta encontrar uma familiaridade na paisagem, vê e não enxerga. Reconhece traços nos rostos das pessoas, porque sabe que este povo possui representantes em São Paulo. Mas não é reconhecido.

E a pior parte: descobre que os problemas dos quais você tanto reclama - trânsito, principalmente - não são privilégios de quem está na maior cidade do País.

Você fala e tem outra musicalidade. Você acelera. Você percebe que não está aqui a passeio - está apenas experimentando um aperitivo, uma fração do que é viver em uma cidade grande que não te acolhe. Não, você não é um turista.

É bom ter novos ares e novos horizontes. Mas brincar de casinha fora de casa não é brincadeira.


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Estou com muitas reflexões. Não são sobre São Paulo.
São sobre a vida. Mas não fazem parte do blog. Então tentei desviar
meus pensamentos para ficar um pouco em paz...
Como uma adolescente, escrever me acalma.
E eu não sei postar sem Photoshop.

domingo, 8 de agosto de 2010

E se você tivesse três dias para visitar São Paulo?

Estou me empenhando no planejamento de uma biiiiig trip [em breve, mais detalhes], de tal jeito que eu nunca fiz na minha vida. Este planejamento está tomando grande parte do meu tempo livre. Será um ritmo intenso e dias lotados em grandes cidades, onde vou ter muita coisa pra ver, sentir, experimentar, fotografar. Vou andar muito a pé e também abusar do transporte público. Sem essa de táxi.

Não contratei nenhum pacote, nenhuma agência de viagem, nadica. É tudo por minha conta. É minha viagem.  E será um tour por 38 dias em terras estrangeiras e, por tudo isso, rolou hoje um momento "aí vem o desespero" quando eu não estava conseguindo listar todas as coisas que eu preciso fazer em cada lugar. Então, pensei: e se eu tivesse apenas três ou quatro dias em São Paulo, sob as mesmas circunstâncias da viagem que estou planejando, o que eu visitaria???

Loucura - óbvio que não dá para conhecer São Paulo em tão pouco tempo. Foi quando transportei a programação em um exercício, aqui em Sampa... Aproveitar tempo e deslocamento, montar um roteiro para não perder tempo e para aproveitar cantinhos básicos das terras da maior cidade do País.

E resolvi usar blog para guiar os visitantes de primeira viagem em SP com esta programação. Pessoas que eventualmente estão passando um feriado aqui... ou um tempinho livre... Querem uma overdose cultural e histórica de uma "nativa"? Hehe, bora lá:

Dia 1 - Sábado 
Supondo que você chegou bem cedinho, ou na sexta à noite, ok? Aproveite o sabadão para ir ao centro da cidade, na região da Luz. Sábado é o dia, porque o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca do Estado são gratuitos neste dia da semana. A grana que você economizar, você vai usar depois: lembre-se que São Paulo é cara.



Em uma longa manhã (ou seja, chegando cedo e saindo bem tarde), dá para ir aos dois lugares. Não deixe de visitar a Estação da Luz, admirando a linda fachada que foi recentemente restaurada pelo projeto de revitalização do centro de São Paulo. Bonito.

Se estiver com disposição, caminhe pelo caos da rua 25 de março e compre as muambinhas pra parentada... Mas, se quiser um passeio mais humano e digno, vá direto pro Mercado Municipal de São Paulo, o Mercadão. Só o passeio aqui já vale a pena, mas não saia antes de comer o famoso sanduba de mortadela ou o pastel de bacalhau no original Hoccas Bar, a primeira barraca que ficou famosa por estes quitutes. Faz diferença - a mortadela é a Ceratti temperada e o bacalhau é o original português. Os preparos ainda são os mesmos que lhe trouxeram a fama, surrupiada por tantas outras barracas que dividem o espaço por ali. Só uma dica - nem pense em ficar estressado com a muvuca, de sábado é tudo cheio mesmo, ainda mais no espaço mezanino, reservado para os deliciosos comes.

Outra dica do Mercadão, antes de sair de lá com a pança cheia, é a barraca das gotas de chocolate. Eu não sei o nome, mas sempre vou quando estou ali - na entrada principal, vire à direita no primeiro corredor. É a primeira barraca depois da dos peixes. O vendedor vai te deixar provar todos os sabores antes de você decidir que vai levar todos eles alguns pra casa.

Dali, vá ao Mosteiro de São Bento, construção histórica onde o papa Bento XVI ficou hospedado quando veio ao Brasil. Não sei se hoje está aberto à visitação, mas me lembro de ter ido a uma exposição lá que já relatei em um post aqui.

Se ainda houver fôlego, caminhe pelo centro, onde ficam os famosos edifícios de Sampa - o Banespa, o prédio da Bovespa, o Centro Cultural Banco do Brasil. Dá para pegar uma exposição ou uma sessão de cine. Termine o dia no boteco Salve Jorge, da maneira bem paulistana - chopp, caipirinha e petiscos. [o boteco é dica minha, mas na região há várias opções]



Dia 2 - Domingo

Domingo é dia de Avenida Paulista. Vá de manhã, para pegar a feirinha do vão livre do Masp, que eu também já descrevi num post. Claro, visite o Masp!!! Vale a pena o acervo. Depois, passeie no Parque Trianon - recentemente revitalizado, também ganhou aquele trato de beleza e não é mais perigoso como era conhecido antes. São árvores centenárias no meio da selva de pedra.



Escolha algum restaurante da região para almoçar - não é difícil, pela Alameda Santos são muitos, com opções até de fast food para os viciados em comida ruim. Andar pela Paulista de domingo é charmoso, é uma delícia.... Vá pelo menos até a Augusta, onde você vai ver todo tipo de gente, de todo tipo de tribo. Já que você está mais ou menos no final da Paulista, dê uma paradinha na Livraria Cultura do Conjunto Nacional - um espaço bem bonito para descansar e tomar um café. Mais um lugarzinho pra comprar lembrancinhas pra parentada - quiosques de souvenirs ou até um livrinho. Aqui você corre até o risco de ver algum famoso passeando. E é importante ser no domingo porque, além da feirinha de antiguidades sobre a qual eu já falei, não tem aquele empurra-empurra de um monte de gente apressada indo e voltando do trabalho.

Dali, pegue um ônibus e passe o fim da tarde no parque do Ibirapuera. Antes de entrar no parque, tire a foto em frente ao famoso monumento "deixa que eu empurro", que na verdade é o Monumento às Bandeiras, que foi esculpido por Vitor Brecheret... E observe bem, veja que na verdade eles não estão empurrando nada, tá? As "cordas" que eles seguram na verdade estão frouxas... Hehehe... Importante: é proibido subir no monumento, tá? Sei que "todo mundo sobe", mas seja um turista legal.



No Parque do Ibirapuera, relaxe. Sente à beira do lago, não alimente os patos, divirta-se olhando os diferentes tipos de pessoas que caminham e correm com seus cachorros. Dá para alugar uma bike e dar umas voltinhas em meio ao verde.

Aproveite este dia para sair à noite - além de menos movimentado que o sábado, você vai acordar um pouco mais tarde no dia seguinte (você vai entender o por quê). Eu sugiro um cinema ou um teatro, típicos passeios paulistanos. E/ou a pizza: São Paulo é a cidade deste prato, e há quem diga que fazemos melhor que os próprios italianos.



Dia 3 - Segunda-feira
Último dia! Comece pela Catedral da Sé, no centrão. Mas não deixe pra ir cedo demais - a estação de metrô é uma das mais lotadas da cidade, aquela loucura que quem é de fora vê na TV. Pegue o metrô depois das 9h30 que é sucesso garantido.

Depois da Catedral, caminhe até o solar da Marquesa de Santos, construído a pedido de D. Pedro para sua famosa amante, onde ela passava os dias quando não estava no litoral. O solar oferece uma exposição permanente (que, se não me engano, é de graça também). De lá, pertinho é o Pátio do Colégio - onde a cidade foi fundada. No interior da construção histórica, há um restaurante agradável, bom para o almoço e recarregar as energias.

À tarde, de metrô até a estação República, para visitar o Edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer, é o maior condomínio de todo o País. São milhares de moradores em centenas de apartamentos, um cartão postal da cidade. No térreo, há uma galeria com lojinhas e cafés e (incrível!) uma das únicas barbearias que sobraram em Sampa. Sim, bar-bei-ros, que fazer a barba dos homens com navalha. Aquela coisa que você só viu seu vô fazendo um dia.



Ali na região, não se esqueça de visitar o Terraço Itália e o famoso cruzamento da Ipiranga com a Avenida São João, que inspirou Caetano na musiquinha da Terra da Garoa. Na esquina fica o Bar Brahma, uma boa opção de lugar paulistano, mas é fechado às segundas. Vai ficar para a próxima.

UFA! Só de pensar, já deu pra sentir a correria intensa que eu vou passar durante meus 40 dias de férias. E olha que eu podia elencar mais uns 15 pontos imperdíveis de São Paulo... Não dá para fazer tudo ao mesmo tempo. Pensando nisso, acho que me tranquilizo - precisaria de 10 dias, no mínimo, para ter uma noção minúscula do que é cada cidade. E se eu achasse um nativo que fizesse um roteirinho básico como eu fiz aqui, já ajudava.

Além disso, a grande inspiração desta postagem veio do meu namorado, que disse que eu podia ser uma guia turística da cidade porque eu azucrino e encho o saco dele e sempre fico contando histórias de cada lugar por onde a gente passa. :)

C'est revenir a mon voyage...

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Serão as minhas primeiras férias da vida. A primeira grande viagem também.
Estou entusiasmada, ansiosa, pronta pra me acabar e descansar bem pouco
Acho que sinto como um objetivo conquistado na vida, é uma sensação
muito boa, só não vai ser melhor do que quando eu estiver lá.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Foto, feira e futebol

Tantas pessoas aqui em São Paulo acostumadas a comprar frutas, legumes e verduras nos supermercados e grandes redes que pensar em feira é algo bem distante da realidade urbana. Uma bobagem, porque a cidade tem feiras bairristas onde ainda é possível experimentar pedacinhos de frutas para garantir que estão doces, pechinchar precinhos e, claro, ouvir aquelas cantadas engraçadinhas dos feirantes.

Uma das mais conhecidas é a Feira do Pacaembu, em frente ao estádio (que dizem ser municipal, mas dá pra falar que é como uma casa do Timão). Todas as manhãs de sábado, barracas de peixes, frutas, legumes e flores lotam a praça. Para os comes e bebes, o tradicional pastel e caldo de cana. Duas barracas são recomendadas: a da Dona Maria, que foi eleita há pouco tempo o melhor pastel de feira de São Paulo, e a Barraca do Zé, que é indicada pela Vejinha.



No último sábado participei do Scott Kelby's Worldwide Photo Walk, um evento no qual grupos de fotógrados (profissionais e amadores) se reúnem para capturar imagens de um determinado local, em diversas partes do mundo. As pessoas se encontram pela internet - qualquer um pode organizar um photo walk em sua cidade, e não precisa ser membro de nenhuma comunidade para participar: basta se inscrever no site do projeto, procurando o lugar onde você estará na data. Este foi liderado pelo João Junqueira, mas não foi o único aqui na cidade - o outro foi no Parque do Ibirapuera, mas achei bem clichê fotográfico... É o terceiro ano do evento, minha segunda participação. E é claro que, além de tirar fotos, aproveitei pra dar aquela turistada.



O estádio fica aberto para visitação quando não tem jogo, e dá pra chegar bem pertinho do campo. Até quem não gosta de futebol fica meio bobo tentando imaginar todos os lugares ocupados por torcedores ensandecidos, pulando e cantando. Mas não dá para não criticar - em caso de Copa do Mundo, muitas mudanças precisam ser feitas.

Primeiro porque não é coberto - choveu, molhou. Segundo porque a arquibancada geral, mesmo sendo numerada, não tem assentos. A segurança parece ser tão fraca - apesar do fosso e proteção, consigo visualizar algum maluco tentando entrar no meio do campo pra agredir, tietar ou simplesmente ter contato com algum jogador. E alguém respeita assento em estádio aqui no Brasil? Mudança básica, que começa na educação.

Sei que o primeiro da lista é o Morumbi, ainda tem aquele projeto de construir um estádio em Pirituba. Mas, na boa? Por que não investir num estádio que já é municipal, que já tem história, que faz parte da cidade e não tem envolvimento com clubes, em uma área onde o acesso já é mais tranquilo - com diversas linhas de ônibus e razoavelmente próximo à linha verde do metrô? Não dá pra entender.

Sem falar que o lugar é bonito. E tem o Museu do Futebol, o qual não conheço (me chicoteiem, por favor) e não deu tempo de visitar porque tinha um compromisso à tarde.

Fiquei imaginando os turistas estrangeiros na feira de manhã, no museu à tarde e à noite, quem sabe, uma partida. Por que não? Ah, São Paulo, esperava mais de você.


Feira do Pacaembu, Estádio Paulo Machado de Carvalho e Museu do Futebol.
Praça Charles Miller, s/nº.

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Quer ver as fotos da feira? No meu Flickr está minha seleção. Ainda vou
postar mais algumas - você pode acompanhar meus cliques sempre
no rodapé do blog. Pode acessar também o link da minha página ou a do grupo.

domingo, 18 de julho de 2010

Descubra seu bairro

Megalomaníaca, São Paulo é tida como a cidade com a melhor gastronomia do País, a cultura mais movimentada, o metrô mais organizado, o município mais rico. Tem as melhores baladas, os maiores shows, os melhores hotéis, os melhores e maiores isso e aquilo. Tudo isso é muito legal (principalmente porque dá pra brincar de fazer invejinha a pessoas de outras cidades quando se está a turismo), mas não deixe de explorar seu bairro, descobrir os cantinhos que mais te agrada, as paisagens que mais se revelam, a arvore com a folha mais bonita, o boteco com o chop mais gelado, o restaurante com a feijoada mais gostosa. Não precisam ser do grande circuito, apenas ter o gostinho bairrista que te faz bem.



No meu caso, no Alto de Santana, encontrei uma pizzaria bem bacana. (Tá, eu confesso, desde que abriu, eu vivo nessa pizzaria porque sou uma gordinha feliz com Visa Vale.) Chama-se Baobá e, bem pequenininha, eles fazem uma pizza incrível: com massa fininha, do jeitinho que eu gosto. Sempre que posso, vou lá com minha família, namorado, amigas... Dá pra ir a pé de casa - a melhor parte.


                   A pizza é pra ilustrar, só. Não tirei foto.


O que eu gosto destes lugares bairristas é quando eles se propõem a ser justamente isso - bom, pequeno e bairrista. Não têm grandes pretensões em se tornar uma rede, em produzir em escala industrial - e tudo que é feito em massa acaba tendo uma tendência a perder um pouco da qualidade. Justamente pela modéstia, primam em realizar seu melhor serviço do começo ao fim. Recepção, atendimento, produto, conta. No caso do Baobá, o pizzaiolo é habilidoso, os garçons muito simpáticos e atenciosos, a moça do caixa sempre de bom humor. Eles tomam conta de tudo com muito cuidado - o ambiente muito agradável, o cardápio bonitinho, o papel que serve de jogo americano rústico, combinando com o visual da pizzaria como um todo. O cardápio razoável, que mantém a identidade e sai da linha apenas ao oferecer sopas e sobremesas que não têm muito a ver com pizza. Mas tudo bem, são deslizes perdoados como se fossem licenças poéticas. Nada de cara amarrada ou outros inconvenientes que têm se tornado comuns em lugares badalados de Sampa.

O Baobá é pequeno, mas está sempre muito movimentado. Indico muito a todos que moram aqui pela zona norte.

Da última vez que fui, até brinquei com um dos garçons. Ele escreve ao contrário! Percebi do nada, por essa mania minha de reparar nas pessoas. Começa a escrever da última letra e termina no começo da palavra. Quando tira a mão e revela o papel, a palavra está lá, completinha, bonitinha: 1/2 Quatro Formaggi e 1/2 Peito de Peru. !!!! Que loucura, batman... Estava com amigas, fizemos um escândalo tão absurdo que acho que ele ficou um pouco sem graça... hehehe. Ainda vou fazer um post só com ele. O nome dele é Walter. (fico devendo a foto do lugar e do garçom. prometo atualizar a postagem)

E em todo bairro deve ter um Walter esperando para ser descoberto, uma boa pizza esperando para ser devorada, um bom vinho para ser degustado... Sem aquele estresse de ter que pegar o carro e enfrentar o trânsito. Basta deixar a preguiça de lado e descobrir o seu charminho em seu bairro paulistano.


Baobá.  Rua Cons. Moreira de Barros, 1322.
Santa Terezinha/Alto de Santana.


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Ah, Baobá é o nome de uma árvore, nativa de Madagascar.
É também a planta que contamina com suas sementes o solo do asteroide
do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry. Taí um livro que eu preciso ler.

Poxa, preciso de um celular com uma câmera decente. Vai melhorar muito minha frequência
e qualidade no blog. Na wishlist.

terça-feira, 6 de julho de 2010

No Centro, olhe para cima

Para quem está acostumado com a rotina de trabalho, o dia a dia corrido e apressado, olhar para cima parece uma loucura. Afinal, em São Paulo, é tão comum encontrarmos pessoas olhando para baixo... Para que ao olhar a frente seu olhar pode cruzar os olhos de quem vem ao seu encontro, o que é quase um afronte. Cada um em seu umbigo? Cada um com seu pedaço de chão? Mal sabem eles que todos têm um pedaço de céu - bem maior, mesmo que sufocado por tantos edifícios que cortam o horizonte.

E por que não observar estas lâminas? Venho fazer-lhes uma proposta: olhem para o céu. Principalmente no centro de São Paulo, com seus edifícios imponentes, que quiseram mostrar poder econômico de uma outra maneira, diferentemente da qual estamos acostumados.

Banco de São Paulo, Vale do Anhangabaú

Quando eu olho para cima, praticamente escuto bondes e murmurinhos do passado. Fico imaginando quando estes prédios se ergueram, a sensação e a pequenez que as pessoas sentiram lá em baixo - afinal, esta altura era realmente grandiosa. Janelas, mármores e granitos arquitetados para impressionar.

Depois desta proposta, agora, um convite. Suba ao céu. Se é de segunda a sexta-feira, das 10h às 15h, não deixe de subir ao céu pela trajetória ao seu alcance - o Edifício Altino Arantes, ou a Torre do Banespa (banco que nem existe mais, mas seu nome será eterno nesta construção). Inaugurado em 1947, já foi uma das construções mais altas da cidade. Hoje, lá em cima, neste horário, dá para olhar para baixo e brincar de encontrar pontos históricos. Dá para ver a triste e cinzenta camada de poluição. Dá para ver até o olhar perder a vista. E que vista.

E só de lá de cima, olhando para baixo, dá para ver paisagens lá de cima que, de baixo, olhando para cima, não conseguimos enxergar. Confusão tamanha ao encontrar um jardim suspenso, no topo de um prédio em pleno centro de São Paulo, com um gramado e uma árvore. Sem caminhos, sem cadeiras, sem pessoas. Um jardim deserto em meio a uma floresta de concreto para o qual não consegui nenhuma explicação.

Embaixo das raízes trabalham pessoas, sentadas em suas baias e mesas de tons mortos, que decoram paredes com natureza morta?

E neste contexto maluco elas vivem, talvez sem nunca terem olhado para cima, talvez sem nunca terem ido lá em cima, talvez sem terem reparado no céu... (Se alguém descobrir que prédio é este e o que faz este jardim aí, agradeço.)

A Torre do Banespa é um passeio daqueles que, mesmo sem companhhia, vale a pena.

O ruim é que, depois de uma longa espera, só é possível passar dez minutos no terraço, que fica no 34º andar, em pequenos grupos de cerca de quinze pessoas. Muitos podem até achar bobagem, devem inclusive trabalhar em edifícios comerciais mais altos que este, devem ver uma paisagem talvez até mais longínqua... Mas não são no Centro, no coração da cidade, no topo da história, de onde se vê tantas referências paulistanas abaixo de seus pés.

E não deixe de tirar uma foto lá de cima. É o básico.


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Ainda fico inconformada como tem gente que mora aqui e não conhece o Centro!
Não que eu consiga me localizar naquelas ruas - que pra mim são todas iguais. Mas parece
que o lugar tem até um cheiro diferente para mim, de tão familiar que é.

domingo, 4 de julho de 2010

Dia de boteco

O bairro da moda dos botecos e barzinhos em São Paulo é a Vila Madalena, que apesar de suas ótimas opções, dá nos nervos de alguns paulistanos: é só pensar no trânsito para chegar lá, no vuco-vuco para circular lá e no tempo perdido nas longas filas de espera, que muitos desistem de sair de casa. Pois a cidade tem agradáveis surpresas em bairros nem tão conhecidos até mesmo de quem mora aqui... É o caso do Largo da Matriz da Nossa Senhora do Ó, a pracinha escondidinha onde fica o boteco com cara de restaurante que serve a coxinha mais crocante e deliciosa deste mundinho de Deus: o Frangó.

No Largo Nossa Senhora do Ó: claro, toda pracinha tem uma igreja

Para chegar, fácil: suba uma travessa da Av. Edgar Faccó, na altura da Ponte do Piqueri, na Marginal Tietê. Não se deixe contaminar pela paisagem cinza de um bairro nada charmoso no caminho, pois nos arredores do largo, a paisagem se transforma. Em uma vizinhança agradável e com o mesmo jeito interiorano da Vila, a Freguesia se revela.

Na praça, vários botecos com mesas nas calçadas tentam o paulistano em um final de semana despretencioso. Mas não deixe de entrar neste casarão do século XIX, com suas paredes verdes convidativas. Para chegar ao salão principal, o cliente desce uma escada e parece estar entrando no porão do estabelecimento... É tudo muito aconchegante, com uma overdose de informação nas paredes: cartazes de cervejas de todos os lugares do mundo ambientam o bar. É um dos poucos botecos nos quais é recomendado não sentar-se à calçada, e sim, lá dentro.


E a família comemora com estilo os 50 anos do paizão

Não dispense a porção de coxinhas. Vale cada mordida, inclusive provoca o debate filosófico, propício para uma mesa de boteco: começar por onde, pela pontinha ou pela bundinha? Pela pontinha que nos pega pelo crocante irresistível? Ou a bundinha que traz a generosa porção de catupiry e o saboroso frango temperado, ao contrário daquela carne colorida de vermelho que os botecos convencionais colocam no recheio para nos enganar?


 Detalhes das paredes: cervejas do mundo todo

Na carta de bebidas, cervejas, cervejas, cervejas... Todas. Mesmo. Mas a caipirinha é feita ao ponto e também é imperdível. O Frangó foi eleito seis vezes pela Vejinha o melhor boteco de São Paulo e tem à disposição dos mais curiosos um livro charmoso com os pratos famosos e a história da casa.

Uma boa pedida para um sábado à tarde para quem não fica só nos petiscos e emenda o almoço - o que é muito comum - é o tradicional frango assado na brasa, acompanhado de polenta. Irresistível, no cardápio está recomendado para duas pessoas. Entretanto, depois das coxinhas, serviu bem à minha família no aniversário de meu pai: seis.

Bem frequentado, por famílias e grupos de amigos, o ambiente de bar se assemelha a um restaurante, que na medida consegue a informalidade de um boteco sem o barulho infernal destes ambiente. Mas guarda os caprichos e o serviço de um bar competente, para quem gosta de desvendar horizontes de São Paulo.

Frangó: Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, s/n. Tel: 3932 4818.
Abre todos os dias da semana, exceto às segundas-feiras.



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Eu adoro coxinha, eu adoro comer, adoro caipirinha...
E acho que dia de boteco é sábado à tarde. Acho um crime quem mata o sábado à noite assim.
A noite é para a baladas dos solteiros, ou o sofá com filme dos namorados.

sábado, 26 de junho de 2010

Segredos de São Paulo Brasileira

Aquela correria, o metrô lotado, o ônibus apertado e o trem amarrotado mudam na Copa do Mundo. Na última sexta-feira, dia de jogo entre Brasil e Portugal pela manhã, a cidade amanheceu diferente. Claro que a neblina branca de todas as manhãs embaçava o brilho do sol, que raiou amarelo por volta das 10h... mas, onde estava o trânsito? Onde estavam as pessoas? Onde estavam as sobrancelhas retraídas e as caras de sono que passam por mim todos os dias?

Falem o que quiser de Copa do Mundo, que é um patriotismo falso, que é pão e circo, e todo aquele blablablá. Mas eu sou adepta da filosofia do divertimento saudável, e que todo este sentimentalismo deixa as pessoas menos rudes, mais despreocupadas e menos apressadas. E, garanto: é mais agradável viver em uma cidade assim.

Tive a oportunidade de assistir à estreia da Argentina no Mercado Municipal de São Paulo - lá onde as pessoas vão para comer sanduíche de mortadela e pastel de bacalhau. No Hocca, um dos quiosques mais tradicionais, havia uma mesa de argentinos. E foi uma experiência mais do que divertida - eles cantam, dançam, bebem, gritam. E, no caso, ganharam. Insultos, xingamentos, brigas? Nada... abraços, risos, e provocações divertidas: "Encontramos vocês na final". Uma rivalidade saudável.

Já no segundo jogo do Brasil, contra a Costa do Marfim, fui ao Papagaio Vintém, na zona norte, um dos únicos bares que não cobrava um preço exorbitante para assistir ao jogo num telão. Futebol contagia. Todo mundo se abraçando - muito bom, três gols = três comemorações. Depois, voltando à pé pra casa, gritando pra todo mundo na rua - carros buzinando, diversão gratuita e saudável.

No mesmo final de semana, atravessei a cidade e fui para a zona sul, de carro. Garanto: em 60% dos semáforos haviam vendedores de badulaques verde e amarelos. Cornetas, bandeiras, enfeites, colares... Atipicamente, os motoristas não levantavam o vidro apressados, prevenindo-se de assaltos. Muito pelo contrário: brincavam com os vendedores (trocadilhos sobre vuvuzela em metade dos casos), faziam palpites, discutiam placares. E aí? Isso é ruim? Isso faz mal pro País? Para mim, este é o reflexo mais legal da cidade. Sentimento de coletividade. Todos ali, torcendo pro [timinho de merda do Dunga chamado] Brasil.

Agora, me diz - transformar 11 milhões de workaholics em torcedores felizes, desemburrados? Só Copa do Mundo. E eu acho tudo isso muito legal.

 No trabalho, jornalistas uniformizadas, diversão total!


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Me irritei com algumas pessoas que ficam xingando a Copa. Concordo apenas
que o torneio não deve anular todo o resto que acontece no País. Entretando, se
não gosta de tudo isso, aproveite a liberdade de expressão e manifeste-se. Mas não exagere,
não vire um chato de galochas. Vá ler um livro, vá ler seu blog de música alternativa,
vá pro cinema, enfim... vá procurar com o que se divertir.

domingo, 16 de maio de 2010

1744 - Lauzane Paulista

Ela escolheu a poltrona do corredor propositalmente. Afinal, qualquer que fosse a pessoa com intenção de sentar-se ao seu lado teria por obrigação iniciar uma conversa com "licença, moça". E foi assim que o rapaz gordinho passou por ela com uma pasta A3 nas mãos.




"Você desenha?"
"Sim! Quer ver?"
"Quer mostrar?"


O sorriso, aquele fundamental na conquista, apareceu pela primeira vez. Ele, tímido, aproveitou a oportunidade para desfrutar do único momento até então em que sua timidez não era empecilho para conversar com uma menina bonita. Enquanto ela perdia-se entre traços de giz de cera e lápis de cor que lindo!, ele perdia seus olhos nos vai-e-vém dos cachinhos pendurados no alto de sua cabeça. Finalmente encontrara um alguém de saias, atrevida, que por hábito tomava o controle dos assuntos do coração.

Eu desenhava, quando era criança... mas todos os professores falavam que era bobagem, então eu parei. Mas aí eu voltei. E ele também. Tipo assim, é uma liberdade. Eu vou trabalhar com isso. Tipo, cara, eu também... !!!! Embora ela preferisse traços urbanos, próximos ao grafite, ele preferia a delicadeza da subjetividade ao observar situações cotidianas. Fugia das caricaturas, mas se fizesse um desenho dela, seus olhos verdes seriam tão grandes que nem caberiam no papel.

E então nem perceberam que o mp3 parou de tocar. Nem viram o ponto que passou, onde teriam que descer. Riram, trocaram endereços de msn e prometeram se adicionar no orkut. Mal saberiam que, em um mês, mudariam ali mesmo na página virtual seus status em "relacionamento".

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Parte verdade, parte fruto de minha imaginação jornalística.
Mas quem se importa?
Vale o que acontece no meu mundo.

domingo, 11 de abril de 2010

Passeio Dominical

Em São Paulo, não há desculpa para o tédio dominical vespertino - aquela preguicinha básica que nos assombra depois da tradicional macarronada da mamma de almoço. Claro que uma sonequinha sempre faz bem, mas aproveite o dia de folga para passear em um dos cenários mais paulistanos desta cidade cinza.

Sempre deliciosa, a avenida Paulista em si já é um bom passeio. Ainda mais interessante, suas feirinhas de domingo... Começando pela estação Trianon Masp do metrô (linha verde), siga a caminhada pelo sentido Consolação.

1. Feirinha de Antiguidades do Masp 

Foto: Eliana M.

Porcelanas,  pratarias, tapeçarias, bibelôs, bijouterias, quadros, joias... A infinidade de coisinhas encontradas no vão livre do Masp (que só por ser o lugar que é, já é uma atração) das 9h às 17h impressiona. Os preços são [bem] salgados, mas só de olhar já é um encanto aos olhos. E você pode dar a sorte de encontrar uma vovó simpática que conta histórias de cada pecinha em sua barraquinha de vendas.

2. Feirinha do Trianon 

Foto: Eduardo Loureiro

Bem menor, em frente ao Parque Trianon - e também ao Masp. Devido à revitalização recente do parque, é um colorido que vale a pena. O cheirinho do pastel constante (sim, tem pastel, e é uma delícia!) que desaparece em bocadas enquanto você olha as bolsas de pano, as roupas de pano, o artesanato de cabaça... a diferença entre a feirinha do Trianon e a do Masp, logo em frente, é que não tem antiguidades, mas sim produtos contemporâneos com carinha "natural". Aos domingos, das 9h às 17h também.

3. Feirinha do Shopping Center 3

Fotos: Roberto Sena

Aqui, tudo de mais moderno que atrai pelo design, pela exclusividade, pelo kitsch. Descolada, é bom pra encontrar qualquer coisa de super estiloso que você nunca pensou que precisava ter, mas precisa e te enlouquece. Eu fiquei fascinada pelos chapéus e pelas bijous com cara de artesanais, mas super modernas, que misturam pedrarias, prata e palha. Aos domingos, começa às 11h e vai até o fechamento do shopping. Por ser neste ambiente, em seus dois pisos, a vantagem é que se a garoa paulistana começar, você continua seco.  O problema é o aperto, o empurra-empurra, e o ambiente asséptico do shopping center que destoa totalmente da ideia de feirinha... mas é uma boa pedida para encerrar a caminhada pela avenida. Torça para ainda restar alguns troquinhos na carteira... Se já tiver gastado tudo nas outras feirinhas, quase todos os estandes desta aqui aceitam cartão de débito Visa.


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Claro que eu fiz estes passeios hoje, claro que eu quis comprar muita coisa.
Entretanto, quem ganhou presente foi o namorido, e eu to namorando um chapéu
até agora, achando um absurdo ser tão caro... mimimi ;(
Desta vez, me arrependi de não levar a câmera fotográfica.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Mulheres Metropolitanas

 São Paulo é a cidade do plural. Um dos poucos lugares que escancaram multiplicidade em um País tão conservador. Metrópole com milhões de almas apressadas, que caminham rápido demais para se ater a detalhes alheios.

É tanta pressa e tanta diversidade que São Paulo se faz automática. Venho observado um automatismo na maneira de pensar e peço licença ao leitor que veio aqui ler mais sobre a cidade para abrir mais o tema da postagem e falar de suas mulheres.

Ontem, Dia Internacional da Mulher, fui surpreendida por uma cena de desrespeito no metrô. Um jovem rapaz se aproveitava do empurra-empurra para passar a mão no derrière de uma moça. Ela, aflita, desceu na estação – particularmente, nem sei se era a estação correta que ela iria desembarcar. O jovem então girou 180° e passou a fazer o mesmo com outra mulher, que se espremia no apoio de mãos para se afastar.

Enquanto manifestava meu repúdio, seja em redes virtuais ou pessoalmente a alguns colegas de trabalho, pude perceber que São Paulo não é tão plural para nós, mulheres. Julgamentos do tipo “por que ela não fez um escândalo? É impossível que alguém não perceba que estão passando a mão na sua bunda, é preciso ver os dois lados”. Mais: “Vocês, mulheres, querem direitos iguais, mas se fazem de frágeis”. Pior: “Que mal tem fazer isso? Vocês deviam se aproveitar dos homens, também”. Pensamentos tão machistas que, de tão impensados, parecem normais.

Assim a cidade se revela não diversa. Contraria as calçadas da rua Augusta, tomada pela diversidade sexual e retrocede centenas de anos para um cenário no qual as pessoas são discriminadas apenas por não possuir um pênis. Paulistanos que pensam tão automaticamente, que vivem no stand by e não percebem o disparate de tais afirmações que me inflamam a escrever esta postagem que se disvirtua da linha editorial do SP em Pauta.

Vou além. [E, novamente, perdão leitor interessado nas pautas paulistanas] Tessália, a twitteira que saiu do BBB para a capa da Playboy, tem sido alvo de críticas no microblog que a consagrou por causa não do ensaio, mas sim de seu corpo magro. De seu mamilo. Da maneira com que se depila. Que mundo é este? Que ignora vontades pessoais, que submete às mulheres serem apenas a reprodução bizarra e ter os pelos pubianos padronizadamente depilados? Quem disse que tem que ser assim?

Ser mulher metropolitana e se orgulhar de São Paulo tem sido difícil. O que é ser Mulher daquele tipo poderosa, que desperta orgulho e vai parar nas capas de revista? A gostosa em sua forma mais homogênea de padrão de revista masculina, que dita como você deve ter seus mamilos e sua depilação? Ou aquela mulher soberana, que dá conta de casa-trabalho-filho e sorri de cabelos esvoaçantes na capa de Nova?
 
Acredito que ser Mulher, assim com M maiúsculo e independente, é muito mais que exigir direitos de igualdade. É ter poder de escolha, é se fazer marcante merecidamente de acordo com o que inspira. Seduzir quando há vontade, pagar suas contas com o esforço da labuta, sentir prazer em qualquer coisa que lhe convém.

É ser diferente dos homens.  Porque somos! Temos um aparelho reprodutor diferente, com hormônios diferentes. Somos fisicamente distintos, onde estão as feministas? É agir de acordo com sua consciência.
É celebrar rugas, rir do passado, vislumbrar o amanhã e não querer ser igual a ninguém – apenas conquistar o que é seu.

Observo, argumento, grito, escrevo. Não me calo: mantenho a seriedade, mas sei seduzir e usar batom. Mulher metropolitana é quem não engole desaforo, por mais revoltante que a sociedade possa lhe parecer.

Feliz dia, mulher.


desenho de: Halvor Skjemteland






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Depois de um hiato mensal... Voltei. Não dava mais para aguentar.
Vomitei ideias neste editor de texto.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sacrossanto


Missário
Missário em latim, na capela, datado de 1887.

 O mosteiro de São Bento, fundado em 14 de julho de 1598, abre as portas para uma exposição de arte contemporânea. As obras de três artistas nas salas históricas, no centro de São Paulo, são belas. Entretanto, o que chama atenção não são as obras em si - e aqui não quero desmerecer o trabalho de Carlos Eduardo Uchôa, José Spaniol e Marco Giannotti em "Arte e Espiritualidade". Acontece que a tensão maior do ambiente religioso é tão fascinante que os quadros, fotografias e instalações ficam em segundo plano quando se transita nos corredores limpíssimos, com o pé direito alto e portas grandes de madeira.

A vida dos monges 



Sacrossanto
Vitral na capela. Não sei o que representa.

Viver recluso desperta minha curiosidade. Mais que as figuras que andam com túnicas cor marrom, daquele jeito característico do monastério. O que me fascina é o mistério deste isolamento, da clausura, cujos portões de ferro impressionam pela imponência e, ao mesmo tempo, traz duas vezes a palavra PAX. É a vontade de se abster do mundo em prol de uma vida santa. Não sei muito da vida dos monges - apenas sei que eles abdicam da vida do mundo para viver em comunidade. Ora et labora; et legere. Rezam, trabalham (para não precisar sair do mosteiro) e leem muito, principalmente as sagradas escrituras.

No caso dos beneditinos, rezam sete vezes ao dia. Mas e os detalhes? E o claustro - como é, por que eles ficam lá, quanto tempo? Como é a rotina? Como isso beneficia a sociedade? São tantas perguntas que os monitores não sabiam responder.

Arte, Espiritualidade e Memória



capela

As salas têm o cheiro do meu colégio do ensino fundamental, o Colégio São José, que hoje não existe mais, e renderá uma postagem aqui - me cobrem, please. Voltando: saber que ali vivem pessoas é um fascínio, e as obras em meio à arquitetura única e aos signos católicos aos quais eu sempre fui acostumada plantam uma tensão que fui capaz de sentir fisicamente, em minha pele. Engraçado que cresci assim - em meio à religião e à arte, dois pilares fundamentais em minha educação. E nunca senti nenhum tipo de tensão.

Aos visitantes, é claro que o privilégio é andar em alas antes não abertas ao público. A capela, onde fica a obra que a mim foi a mais impressionante, estava fechada ao público há cerca de cem anos. Minha interpretação é que unir arte e questionamento em um ambiente sacrossanto é uma experiência inesquecível, que está às mãos de qualquer paulistano. A exposição é gratuita e vai até o dia 21 de fevereiro. O mosteiro fica no Largo São Bento, ao lado do Metrô (linha azul). Hoje, lá funcionam uma escola de ensino fundamental e médio e uma universidade, que oferece os cursos de filosofia e teologia.


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O contraste entre a paz e o silêncio lá dentro com a muvuca e a gritaria no viaduto Santa Ifigênia
é impressionante e inacreditável. Em frente ao Mosteiro, entrevistei o Rodela, comediante
que trabalhava com o Ratinho no SBT e hoje vende DVDs de suas apresentações.
Foi um sábado de muitas histórias pra contar...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Hoje




"Assumir que a tristeza não é parte obrigatória do ato de trabalhar"

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Não quero falar da p. da chuva que parou a zona sul.
Chove tanto em SP que deveria ser "Alagouas".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A cidade não para



Já era meia noite. Não fazia frio, mas os pelos de seus braços se arrepiavam só de lembrar seu nome. O gosto amargo da lembrança de tudo que viveu e um dia foi esquecido. Ela só conseguia lembrar. Sabia que era impossível esquecer.

Em meio a tanto desgosto viu turistas fotografando ao lado de marcos que, para ela, eram irrelevantes. Ergueu os olhos e apenas desejou que o ônibus passasse... Que o tempo parasse, que talvez voltasse, e apagasse o que ela havia visto. Ou talvez que os carros que corriam nas quatro faixas fizessem jus ao nome da rua e levassem embora tudo que ela não conseguiu deixar para trás. Consolação.

Os ônibus estavam atipicamente cheios. Todos (ou quase todos) vestiam preto por diversão, enquanto para ela, era luto. O seu mundo estava de luto. E ela nem conseguia mais chorar.

Entrou no ônibus que fedia o suor dos que pulavam no show de rock. Conseguiu um banco e sentou, recostou a cabeça e ouviu os comentários sobre a banda. Empolgante. Incrível. Animal. Alguns minutos à frente, o cheiro aumentou. Dessa vez os sambistas que ensaiavam no Anhembi fizeram do ônibus um balaio de gatos - rock e samba, que ritmo dá? Colocou os fones e tentou cantarolar.

As batidas que ouvia eram do seu coração. Na madrugada de um domingo movimentado, em uma São Paulo agitada, ela desceu, abriu a porta, jogou todo o peso no chão. Deitou e dormiu o que seria um sono leve.


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Voltei! Mais poética e lírica que nunca...
São Paulo me inspira.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Férias

Apenas para registrar: este blog está de férias [por luxo da blogueira] e volta em fevereiro... Debates sobre Sampa no meu Twitter.